sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Lacuna

Inflama na palma da minha mão
o peito que sobe
e que desce

(desce esvaziando as minhas certezas)

torna a me preencher as mãos
o peito que sobe
e que desce

(esvaziando o mundo - agora somos só nós dois, disse ela)

torna a me preencher os caminhos
pari passu
o beijo que sobe 
e que desce

inflamado o peito estreito 
a mão larga 
sobre o peito

(desvanece a respiração arfante, as certezas e as certezas)

o mundo reduzido
miniaturizado em duas mãos que se tocam
(e ela sorri somos só nos dois)

desbota o negro do céu
o sol invade nosso mundo entrando pelas janelas
a luz do seu sorriso me cega, mas eu nem quero mais ver

(fecho os olhos pra beijar – feche os olhos pra ser beijada)

e nesse instante, um silêncio mortal
se apoderando de mãos e beijos
inflamados
acercando paredes e suores
decorando o ir 
e vir

(e tudo ficou difuso como os mares do dilúvio
o último dia das coisas
o fim que é começo)

*Poema escrito a quatro mãos com Álisson da Hora, do Todo Anjo é Terrível

3 comentários:

Alisson da Hora disse...

Obrigado por ser minha cúmplice poética, minha linda. Amo você! =)

Anônimo disse...

Lindíssimo! parabéns aos queridos envolvidos :)

_ disse...

"e tudo ficou difuso como os mares do dilúvio"

Terei inveja eterna deste verso, rs. Poema muito bem escrito!